Em 1928, Salazar só aceitou a pasta as Finanças com a condição de supervisionar os orçamentos de todos os ministérios e ter o direito de veto em todos os aumentos de despesa respectivos.
O sucesso da sua política financeira granjeou-lhe imenso prestígio e converteu-o em “ Salvador da Nação”. O orçamento para 1928-29 previa um saldo positivo que pôde ser efectivado e era o primeiro desde há quinze anos. A pouco e pouco foi controlando o Governo. Já em 1929 ele se dirigia à Nação sobre assuntos não financeiros, realçando: “ Nada contra a Nação; tudo pela Nação”. Atrás de Salazar, claro está, achavam-se poderosas forças: o capital e a banca, que desejavam ter pulso livre para se expandirem sem restrições, protegidos contra movimentos grevistas e a contínua agitação social; a Igreja proclamando vitória sobre o ateísmo republicano. Em Julho de 1932 Salazar passou, finalmente, a chefiar o Governo.
A.H. de Oliveira Marques
Propaganda do Estado Novo
A encenação propagandística do regime, começa pelo mais simples, na sala de aula, passa pela organização dos tempos livres, inclui a assistência à família, a acção corporativa rural, piscatória ou industrial e o enquadramento miliciano da juventude. Cada sector ou actividade com os seus organismos próprios directa ou indirectamente subordinados ao Estado: sindicatos nacionais, casas do povo, casas dos pescadores, Mocidade Portuguesa (MP), Organização das Mães para a educação Nacional, Federação Nacional para a Alegria no Trabalho (FNAT), etc. Cada uma delas com a sua propaganda sectorial própria, com o seu espectáculo próprio, boletins, paradas, confraternizações, excursões, missas, congresso, comícios, bodo aos pobres, etc.
Fernando Fernando Rosas, O Estado Novo, Lisboa