Após a II Guerra Mundial, Portugal e Espanha mantiveram os seus regimes democráticos. Devido a pressões internas e externas, foram marcadas eleições legislativas a 18 de Novembro de 1945.
A oposição organizou-se, então, no MUD (Movimento de Unidade Democrática). Contudo, depressa se apercebeu que não existiam condições para lutar eficazmente contra o regime e acabou por desistir das candidaturas. Sem adversários, a União Nacional, voltou a eleger todos os candidatos. Iniciaram-se então perseguições aos que tinham apoiado o MUD.
Em 1958, a candidatura do general Humberto Delgado, ganhou uma enorme adesão da população fazendo tremer o regime salazarista.Mas, os resultados eleitorais atribuíram-lhe um quarto dos votos, enquanto Américo Tomás, apoiado por Salazar obteve a maioria dos votos. As eleições foram consideradas fraudulentas.
Portugal não acompanhou o desenvolvimento económico verificado na generalidade dos países europeus. Salazar acabou por aceitar algumas contrapartidas do Plano Marshall. O equilíbrio finaceiro continuava a ser a prioridade do salazarismo, não se investindo, por isso, as reservas de dinheiro. A agricultura continuava a ser a principal actividade económica do País, encontrando-se muito atrasada. A população portuguesa continuava com baixos níveis de instrução e era predominantemente rural.
A partir dos anos 50, o governo pôs em execução planos de fomento nacional o que permitiu o surto de novas indústrias. A nível comercial, Portugal aderiu à EFTA (European Free Trade Association) o que permitiu o aumento das exportações. O défice da balança comercial foi-se reduzindo, sendo igualmente compensado com as divisas enviadas pelos emigrantes e com as receitas do turismo, particularmente importante a partir dos anos 60. Pretendia-se que o País fosse o mais auto-suficiente possível, de acordo com o nacionalismo económico que defendia.
Todavia, Portugal não conseguiu recuperar o atraso que o separava dos países mais desenvolvidos. Grande parte da população vivia em condições miseráveis, tendo uma precária assistência médica e ausência de saneamento básico.
As más condições de vida levaram milhares de pessoas a abandonar as suas terras, deslocando-se para as cidades mais industrializadas, para o Ultramar português e para os países industrializados. As principais zonas dos emigrantes eram o interior centro e norte. Nessas regiões verificou-se uma redução da produção agrícola e, consequentemente, o aumento da importação de géneros alimentares. Até 1960, a maioria dos emigrantes dirigia-se para o Brasil. Com a crise económica deste país, passaram a dirigir-se para países europeus, nomeadamente a Alemanha e a França.
A emigração trouxe algumas vantagens para o País, nomeadamente o envio de somas avultadas em moeda estrangeira e o aumento dos salários, entre outros.
Quando Portugal se tornou membro da ONU em 1955, foi-lhe recomendado que concedesse a independência às suas colónias africanas, à semelhança do que tinham feito outros países europeus. Salazar recusou-se afirmando que o que o País possuía eram territórios ultramarinos.
No final dos anos 50 e inícios dos anos 60 do século XX, surgiram movimentos defensores da independência em quase todas as colónias portuguesas. De Lisboa partiam sucessivos contigentes de militares com destino às colónias. A Guerra Colonial provocou milhares de mortos e feridos e trouxe elevados custos financeiros; contribuiu ainda para que Portugal ficasse isolado a nível internacional, o que levou Salazar a afirmar: " Estamos orgulhosamente sós."
No princípio de Setembro de 1968, Salazar adoeceu depois de sofrer um acidente, o que o impossibilitou de continuar à frente do governo, tendo sido substituído por Marcelo Caetano.A sua actuação inicial deu aos portugueses a esperança de voltarem a viver em liberdade. Era a "Primavera Marcelista".
A 26 de Outubro de 1969 realizaram-se eleições legislativas que trouxeram algumas alterações em relação ao passado salazarista. A oposição foi às urnas e foi possível controlar as assembleias de voto. Contudo, a oposição não teve hipótese de vencer as eleições, pois a campanha eleitoral durou apenas um mês e milhares de votantes não estavam registados ou tinham sido riscados dos cadernos eleitorais. Muitos não votaram por falta de confiança no governo e na oposição.
Entretanto, a Guerra Colonial mantinha-se. Continuaram a existir presos políticos, um único partido, a falta de liberdade de expressão e a polícia política apenas mudara de nome para DGS ( Direcção Geral de Segurança).
Em 1970, oposicionistas como Mário Soares foram obrigados a exilar-se enquanto outros foram presos. A esperança de liberalização fracassara apesar de terem sido eleitos para a Assembleia Nacional alguns deputados defensores da realização de reformas democráticas.
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